R$ 5,4 bi pra acelerar a IA no Brasil, agora vai?

BNDES e Finep lançam maior programa público de fomento à inteligência artificial

O BNDES e a Finep anunciaram um investimento conjunto de R$ 5,4 bilhões para impulsionar o desenvolvimento da inteligência artificial no Brasil, em um dos maiores pacotes públicos de fomento tecnológico já realizados no país. O programa busca fortalecer a infraestrutura de computação nacional, estimular startups de IA aplicada e criar polos regionais de pesquisa conectados a universidades e empresas privadas.

Os recursos serão distribuídos ao longo de cinco anos, com foco em três frentes: financiamento de data centers e clusters de GPUs nacionais, apoio a projetos de IA soberana, incluindo modelos de linguagem em português, e capacitação de mão de obra especializada. O plano prevê também a criação de um fundo de coinvestimento com o setor privado, voltado a acelerar aplicações industriais e governamentais, como saúde, energia e agronegócio.

O movimento vem em resposta ao alerta recente da OCDE, que apontou a falta de infraestrutura de dados como o maior obstáculo à competitividade do Brasil na corrida global da IA. Ao investir pesadamente em compute e pesquisa local, o governo tenta reduzir a dependência de provedores estrangeiros e estimular autonomia tecnológica.

Por que isso é importante:

O investimento de R$ 5,4 bilhões sinaliza uma mudança na política industrial brasileira, sair da posição de consumidor de IA para se tornar produtor de conhecimento e infraestrutura. Em um cenário dominado por big techs globais, construir capacidade nacional é focar na soberania digital.

Nvidia e Deutsche Telekom investem €1 bi em super data center de IA na Alemanha

A Nvidia e a Deutsche Telekom anunciaram uma parceria de €1 bilhão para construir um data center de IA em Munique, que servirá como hub estratégico europeu para treinamento e operação de grandes modelos de linguagem e agentes corporativos. O centro utilizará GPUs Nvidia Blackwell e será totalmente alimentado por energia renovável, com promessa de neutralidade de carbono até 2027.

O projeto marca a expansão agressiva da Nvidia no mercado de infraestrutura europeia, consolidando sua presença além dos Estados Unidos e da Ásia. O novo data center, que começará a operar em 2026, será integrado à rede da Deutsche Telekom, permitindo baixa latência para aplicações empresariais e governamentais em toda a União Europeia. A empresa alemã ficará responsável pela gestão de rede e segurança, enquanto a Nvidia fornecerá hardware, software e suporte técnico especializado.

A parceria também tem um componente geopolítico: o projeto recebeu apoio do governo alemão dentro da estratégia de autonomia tecnológica da UE, que busca reduzir a dependência de data centers norte-americanos e garantir que modelos de IA sensíveis possam ser treinados dentro do bloco, sob as regras do AI Act europeu.

Por que isso é importante?

A aliança entre Nvidia e Deutsche Telekom mostra que a corrida global da IA está migrando da nuvem para o território. Infraestrutura virou geopolítica e, na Europa, construir um data center local é tão estratégico quanto desenvolver um modelo de IA.

Perplexity acusa Amazon de sabotagem no mercado de navegadores de IA

A startup Perplexity AI acusou a Amazon de práticas anticompetitivas após a gigante do varejo ter supostamente pressionado fornecedores e anunciantes a boicotar o Comet, navegador de IA lançado recentemente pela Perplexity. A disputa gira em torno da integração de sistemas de busca e compras, áreas nas quais o ChatGPT (via OpenAI) e o Comet começam a desafiar diretamente o modelo de recomendação da Amazon.

Fontes próximas ao caso afirmam que executivos da Perplexity receberam relatos de parceiros sendo advertidos pela Amazon sobre “conflitos comerciais” caso mantivessem colaborações ou contratos de dados com a startup. A Amazon negou as acusações, afirmando que “atua em conformidade com as práticas de mercado”, mas a tensão já levou autoridades antitruste dos EUA e da UE a observar o caso de perto.

O Comet, lançado em outubro, é um navegador com assistente integrado de IA, capaz de executar buscas contextuais, resumir sites e interagir com APIs de compras. Desde seu lançamento gratuito, o produto vem atraindo usuários interessados em experiências de navegação “sem anúncios e sem rastreamento”, algo que ameaça diretamente o núcleo do negócio publicitário da Amazon.

Por que isso é importante: o embate entre Perplexity e Amazon marca um novo tipo de guerra na economia digital, não mais entre buscadores, mas entre agentes autônomos e plataformas comerciais. À medida que navegadores de IA começam a intermediar a web, empresas como Amazon enfrentam o risco de perder o controle sobre a jornada de compra digital.

🛠️ Caixa de Ferramentas 🛠

• SynthID - ferramenta do Google, projetada especificamente para conteúdo gerado por IA. Ele capacita os usuários a identificar conteúdo gerado (ou alterado) por IA, ajudando a promover a transparência e a confiança na IA generativa.

• Softr Workflows - Crie automações, interações de usuário e agentes de IA que impulsionem seus aplicativos e negócios da Softr, tudo em um só lugar. Configure gatilhos, ações e lógica com um construtor visual ou comece rapidamente com modelos e um colaborador de IA.

• MCP Playground - uma ferramenta de desenvolvimento baseada na web, projetada para inspecionar e testar servidores do Protocolo de Contexto de Modelo (MCP).

• Fei - engenheiro autônomo de vibe coding. Projetado para equipes que criam produtos reais. O Fei trabalha na sua base de código, utiliza seus componentes, mantém o sistema de design e os padrões de codificação, entregando código real de nível de produção.

• LLMs.txt Generator - Transforme qualquer site em conteúdo estruturado pronto para IA. Sem necessidade de chaves de API ou cadastro. Preparado para ChatGPT, Claude e outros modelos de linguagem de grande porte.

A era pós-ChatGPT começou: só startups nativas de IA sobreviverão

O hype da IA está atingindo o ponto de saturação. Todo mundo quer uma fatia do futuro, mas poucos estão construindo o tipo de empresa que realmente vai sobreviver a ele. Bilhões já foram despejados no ecossistema de startups de IA, e o que antes era diferencial virou commodity: entramos oficialmente na era pós-ChatGPT. Agora, o que separa os inovadores dos imitadores é uma mudança de mentalidade, ser nativo de IA, não apenas “usar IA”.

Ser nativo de IA significa projetar o negócio com inteligência artificial no centro, não como uma função acessória, mas como a fundação sobre a qual tudo é construído. Significa pensar desde o primeiro dia como uma empresa que aprende, automatiza e se adapta em tempo real. Startups que nascerem com essa arquitetura terão vantagens estruturais: escalam mais rápido, personalizam melhor e gastam menos energia operacional.

Mas não se trata apenas de velocidade. Confiança é o novo pilar da estratégia. Modelos treinados com dados ruins geram produtos ruins, e reputações frágeis. Fundadores que tratam governança, segurança e transparência como parte do design, não como compliance tardio, construirão o tipo de confiança que não pode ser replicada por prompts ou marketing.

O manual do fundador mudou. Não construa mais um wrapper de LLM. Resolva os novos problemas que a IA está criando: verificação, confiabilidade e segurança. Presuma que seu cliente já usa IA, e está sobrecarregado por ela. Construa soluções que tornem essa adoção mais segura, precisa e humana.

Por que isso é importante:

A próxima geração de startups vencedoras não será apenas habilitada por IA, mas moldada por ela. Empresas nativas de IA não competem por atenção, elas reescrevem as regras da própria concorrência, transformando velocidade, adaptabilidade e confiança em vantagem permanente.

Zona Técnica

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